E se de repente eu resolvesse postar, aqui, no meio das palavras a fotografia de uma baita Miraguaia, como Picasso fez quando incorporou a espinha de um linguado a uma de suas obras? Já fizeram até exposição sobre essa relação sinestésica que Picasso tinha com a gastronomia, com direito a menu- degustação e tudo. Me pareceu perfeito!
A criação é um processo incrível, passa por todas as veias e artérias até que, de tão quente faz o coração ferver. É quando fica impossível guardar a arte só para si. Com a comida é o oposto, os sentidos ficam aguçados e procuram, vasculham dentro do corpo, algo palpável, reconfortante, até que seja impossível não experimentar. A arte recria esse processo, aqui, do lado de fora, e em outros corpos. Acessa as mesmas caixas da memória, se mistura a objetos, fotografias antigas, perfumes e texturas e a esse cheiro de maresia que chegou com a última lua cheia do ano.
Qualquer dia desses falo mais sobre as Miraguaias, e sobre Picasso.
Bom seria uma receita usando Miraguaia para beliscar, com uma cerveja, enquanto se lê sobre Picasso…