O OBA traz hoje o primeiro de uma série de textos sobre Gastronomia produzidos por meu amigo Mané Young. O Mané é Chef de Cozinha com uma vasta trajetória, proprietário do Buffet Campos do Jordão e uma pessoa fantástica. Com certeza, vocês irão gostar deste papo na cozinha.
A mídia demorou pra descobrir a gastronomia e o fez seguindo o “status quo” e as modas gastronômicas. Valorizam-se produtos caros ou raros e repetem a futilidade da elite. Editores se inebriam com frágeis novidades: trufas de US$ R$ 5.000,00 o quilo, vinhos de R$ 8.000,0 ou jantares a R$ 2.000,00 por pessoa. Uma bobagem.
Essa ideologia desconhece que a força da gastronomia está em sua matriz popular. Todos os principais pratos de todas as culturas tem essa característica: Paellas na Espanha, Risotos na Itália, Cassoulet na França, Sukiaki no Japão e por aí vai.
A feijoada não nasceu na casa grande, que saboreava fiambres semi deteriorados e vinhos da corte. A cachaça não nasceu em pesquisa no engenho.Os escravos as criaram.
Revistas de culinária e sites ”gourmets” repetem preconceitos da tradição escravocrata. Admiram o que é caro e estrangeiro e dão as costas aos anseios populares e à nossa cultura.
Aonde nasceu o repente, o rap, o funk ou o Samba? Aonde nasceu a carne serenada, o vatapá, a caranguejada, o tucupi, o churrasco, a farofa de içá? É preciso discutir, rever conceitos e preconceitos.
A figura do chef de cozinha de coluna social e a subserviência aos chefes estrangeiros é uma deformação, retrato do atraso e da ignorância, que repercutem o supérfluo e o burguês. Os nossos produtos, e a nossa culinária, só tem espaço no campo do exótico (que paradoxo! ). O nosso proceder culinário é ignorado em favor de técnicas que não nos pertencem. Somos uma nação e temos identidade que só se realizam no feijão da Vicentina. Certeza.
Me senti em casa. Eu penso da mesma forma!
Parabéns pela materia esplendida!
Ja compartilhei!