52 anos de atividade! Isto mesmo, cinquenta e dois anos aberto e um dos bares mais tradicionais de Curitiba vai fechar as portas, o Bar do Pudim. Situado no bairro São Francisco, na Praça do Gaúcho, o Pudim foi um dos bares que fez parte de minha vida na época que eu tocava nas madrugadas curitibanas. Era um oásis para toda a boemia da cidade.

Nesta época a noite se encontrava nestes bares-botecos, sem o glamour todo de hoje. Tinha o incrível Bond Bar, no fundo de uma galeria do centro de Curitiba, um lugar minúsculo, fechado, esfumaçado de cigarro e que cheirava cultura. Teve o Ocidente, com sua excelente música ao vivo; o Bar do Cardoso, de meu amigo Alberto Cardoso, poeta de Morretes esquecido até pela cidade que ele tanto cantava. O Bar do Hermes, o Bebedouro, o London Pub e o Lancelot, onde eu toquei por um tempo bem longo. Ainda temos o Bar do Alemão, outro lugar que era meu point, principalmente se o quesito era boa comida e bom chopp, o bar que “deveria ser fechado por vender Carne-de-Onça em uma época que os bichinhos estavam em extinção”, segundo a visão de um famoso colunista social da cidade e que nos deixou esta pérola para a posteridade. Teve o Bar do Botafogo, um bar mais fechado e que fiz excelentes amizades que duram até hoje. Foram tantos os bares da minha vida de músico e boêmio que fica difícil enumerar. O Bar do Pudim estava no rol de meus favoritos.

Como esquecer as tantas noites que passei ali com companhias tão especiais, como o Zeca Wachelke (que nos deixou tão cedo), o Gláucio Groff, o Candido e a Rose, e tantas pessoas que sempre deixaram minha vida mais feliz. Foram incontáveis cervejas, algumas rãs, quibes e claro, o fantástico Sanduíche de Pernil. Sempre servido pelo Miltinho, o garçom que fez as honras do Pudim por 40 anos. Tem como esquecer?

Grande Miltinho

O Bar do Pudim fecha as portas no meio de uma das coisas mais tristes que já vi na vida, esta pandemia terrível que insiste em não mostrar uma luz no fim do túnel. O Bar do Pudim sempre foi uma luz, seja para tomar todas as cervejas da vida, seja para matar a fome com uma das comidas de boteco mais gostosas que esta cidade conheceu. Hoje passei por lá para pegar o último Sanduíche de Pernil que comerei do Pudim. Poderia ser uma despedida mais alegre, com o bar lotado e as pessoas se divertindo, como sempre foi. Não será,  o Covid não permitirá, infelizmente. Resta saborear este belo sanduíche em casa, na quarentena, como nunca deveria ser.  Vai ficar a saudade deste bar tão especial em minha vida e na vida de tantos curitibanos.

  • O Bar do Pudim permanecerá aberto até o dia 26 de maio, das 15:30 até 21:30, seguindo todas as recomendações das autoridades sanitárias.

Orlando Baumel

Chef de Cozinha, músico e sócio do site junto com a Carol. Casado, pai de 3 lindas garotas.

Este post tem 2 comentários

  1. Karoline Nogueira

    Que triste! Mas que lindo existir por tanto tempo e cativar as pessoas assim!

  2. Fatima Rezende

    Mas triste que ver pessoas perdendo a vida nesta pandemia é ver pessoas deixando suas vidas em vida

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