Teve uma época, há vários anos atrás, que um prato ficou famoso pelas bandas curitibanas (não saberia responder se foi apenas neste canto do Brasil): Comida Indiana. Não sei o porque do nome, a não ser pelo uso de curry no tempero da carne moída. Nunca vi nada parecido na culinária da Índia, daí a razão de eu ter usado a expressão SQN, tão famosa em redes sociais e que significa “só que não”.
O fato é que a moda espalhou-se pelos lares curitibanos e em minha casa não seria diferente. Lembro de vários domingos em que a estrela da mesa de minha mãe era Comida Indiana. Sim, o prato era para domingos ou dias festivos. E posso garantir que foram domingos para guardar. A Comida Indiana marcou uma fase bem boa de minha vida.
A visão de uma mesa forrada de potinhos com vários ingredientes picados era de aguçar qualquer imaginação. Aliás, esta maneira de servir também pode ter contribuído para o termo Indiana. A profusão de sabores que você pode obter nesta alquimia é “coisa séria”.
Claro que para degustar este banquete exigia normas. Normas que minha mãe ditava. Quando resolvi fazer Comida Indiana neste domingo que passou, pude ouvir minha mãe falando que “é uma colher de cada ingrediente”. E isto ela sempre fala quando se trata de tal iguaria. Desencorajava qualquer fã de um ou outro ingrediente a se servir demais. A regra era clara.
Mas afinal, do que se trata a tal Comida Indiana? Como disse acima, carne moída, preparada da maneira normal e temperada com curry servida com várias guarnições, quase todas elas picadas e apresentadas em potes, mais arroz e um indispensável vinagrete simples de tomate, cebola e cheiro-verde.
Com exceção da carne moída, do arroz e do vinagrete, os outros ingredientes vão de sua imaginação. Minha mãe usava palmito, cogumelos, azeitonas, nozes, ovos cozidos, milho verde, ervilha e de quebra, abacaxi in natura, que eu excluí da minha receita. Usei milho verde cozido em casa mesmo e a ervilha fresca e congelada, mas pode ser enlatado, assim como os cogumelos, as azeitonas e o palmito. Lembrando sempre que esta seleção de ingredientes vai de sua imaginação.
Feito isto, os alegres comensais se servirão (uma colher de cada, lembrem) dos ingredientes que quiserem, farão uma pequena montanha no prato e irão misturar tudo, sem a menor parcimônia. Era a parte boa da festa, onde o pecado da gula era devidamente esquecido e mais que devidamente reverenciado.
Esta é a Comida Indiana que minha mãe prepara e que lembrarei sempre. Assim foi preparada aqui em meu espaço no domingo e assim eu passo para vocês. Sugiro que não tenham medo de ser felizes e preparem em qualquer domingo destes. Saberão do que falo. Quanto ao nome Comida Indiana, nem pensem muito, afinal Sopa Paraguaia é uma torta e ninguém discute.