Acho que não contei para vocês que moro em Antonina há 30 anos. Experimentei outros lugares, mas cá estou. Desde então tudo que faço por gosto próprio ou maluquice é tentar ligar os pontos invisíveis em suas ruínas, talvez esperando que esses pontos formem uma paragem.
Há alguns anos quando li o livro da Heloísa Schurmann, senti um incômodo enorme quando ela descreveu Antonina como um lugar de casario histórico belíssimo e abandonado. Queria que eles tivessem passado um tempo na cidade, conhecido as pessoas, suas histórias. Infelizmente não tenho mais o livro, e lembro apenas de algumas coisas, mas o recomendo sempre e sempre, pela impulsão que a leitura provoca. Heloísa, velejadora, corajosa, detentora de tantos feitos e tão simples, mostrou-me o primeiro ponto desse meu pensamento em ruínas. Felizmente, Antonina vive dias mais felizes, logo teremos parte desse casario a contar um pouco da nossa história.
Curiosamente um dos lugares que mais amo estar em Antonina, é uma ruína, onde a vida é uma metáfora e o café é coado na hora. Onde a Tatiana e a Ana, mostram que só é preciso ter vontade, capricho e simplicidade para transformar tardes em paragens.
Todo dia, exceto na segunda, a cada dia que passa, vejo mais gente passando por lá. Penso que pode chover, mas enquanto não chove, tomo café, como bolinho de banana ou empadinha.
Tempo de sobra pra ligar os pontos da vida, ler um livro, namorar, conversar sem marcar o tempo. Elas são acolhedoras, tem cara de quem cozinha bem. Acho que vou tentar convencê-las a ensinar o segredo do bolinho de banana da terra e da empadinha perfeita de camarão. O que acham?
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Texto delicioso sobre Antonina.
Obrigada!
Boa história com cheiro de café coado na hora. Deliciosa!
Obrigada, Alonso!