Ser criança deveria ser doce, e alegre, assim como esse sentimento que predomina no natal deveria durar o ano todo. Confesso que não fico mais doce, nem mais alegre no natal. E a única vantagem que vejo no ano novo é a continuidade. Me entenda, não fico emburrada, não deixo de presentear, de comemorar, de estar com quem amo. Tampouco deixo a felicidade, a alegria e os prazeres de lado.
Há muito tempo, e falo isso do alto dos meus quase 40 anos, procuro a harmonia, esse meio termo tão detestado nos dias de hoje. Uma grande parcela da humanidade acha impossível viver intensamente na casa do equilibrio. Eu acho ser essa, a única casa possível para o intenso, o pleno, o realmente livre.
O continuar da vida me alegra mais do que o ciclo repetitivo do recomeço. E não quero esquecer de nada, nem de ninguém, nem dar a volta por cima, pois sendo uma volta, logo estarei lá embaixo novamente.
Na natureza os ciclos são repetitivos, mas a natureza, em si, é sempre outra, sempre mais crescida ou não tão desenvolvida, o ambiente a sua volta é sempre outro… tudo continua.
Quero continuidades, constâncias, sobretudo desses sentimentos bons que enchem a casa, os lugares, as pessoas no natal. E tudo isso com o melhor que o natal tem, e depois com o melhor da praia e do verão, da volta à rotina e à cozinha… Um equilíbrio entre sonho e realidade, entre o desejado e o possível, o que se é e como se vive.