Alimentos Orgânicos!

Como amanhã vou fazer uma postagem sobre a nova ala do Mercado Municipal de Curitiba, reservada somente para Alimentos Orgânicos, resolvi fazer uma introdução nesta área que está se tornando a  nova mania em Gastronomia. Ainda não tenho uma opinião totalmente formada a este respeito. Acho sempre que exagero demais às vezes não é bom. Continuo com a opinião de meu cunhado Ledo.. se não gastamos muito para produzir, por que custa mais caro? Como Cerveja sem álcool.. se você tira alguma coisa, para que custar mais?  Fiz uma breve pesquisa sobre Alimentos Orgânicos e repassarei para vocês, sempre lembrando que não reflete a opinião do OBA, necessariamente. Acho bacana procurar ingredientes sempre impecáveis, porém sem a costumeira Neura que acompanha todas esta ondas…

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É cada vez maior o número de pessoas que estão buscando uma alimentação mais saudável, na tentativa de resgatar um tempo em que ainda era possível ter à mesa alimentos frescos, de boa qualidade biológica e livres de agrotóxicos.
Hoje em dia, esse tipo de alimento pode ser encontrado, com alguma facilidade – pelo menos nas grandes cidades – nos supermercados, lojas especializadas e feiras de produtores. São os “alimentos orgânicos”, produzidos segundo 
critérios rígidos de qualidade, por agricultores que fazem parte de associações de agricultura orgânica. Eles utilizam apenas métodos e práticas ecológicas em suas plantações.

Formam um grande movimento, bastante organizado, coordenado mundialmente pela IFOAM – International Federation of Organic Agricuture Movements (Federação Internacional dos Movimentos de Agricultura Orgânica), com sede na Inglaterra.

O Instituto Biodinâmico – IBD, que há vinte anos atua no campo de pesquisa e desenvolvimento da agricultura orgânica e biodinâmica no Brasil, define, assim, um produto orgânico:

“…é muito mais que um produto sem agrotóxicos e sem aditivos químicos. É o resultado de um sistema de produção agrícola que busca manejar de forma equilibrada o solo e demais recursos naturais (água, plantas, animais, insetos e outros), conservando-os no longo prazo e mantendo a harmonia desses elementos entre si e com os seres humanos. 


Para ofertar ao consumidor alimentos saudáveis e nutritivos, o agricultor deve trabalhar em harmonia com a natureza, recorrendo aos conhecimentos de diversas ciências como a agronomia, ecologia, sociologia, economia e outras. A produção orgânica obedece a normas rígidas de certificação que exigem, além da não utilização de agrotóxicos e drogas venenosas, cuidados com a conservação e preservação dos recursos naturais e condições adequadas de trabalho.”

Mercado que cresce ano a ano

A quantidade de agricultores que estão optando por plantar seguindo o método orgânico cresce ano a ano. Comparando os dados obtidos no ano 2000 com os de 2006, vemos que a área plantada no mundo duplicou.     

 

Área plantada de alimentos orgânicos
FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação) realizou em Roma, entre 3 e 5 de maio de 2007, a Conferência Internacional sobre Agricultura Orgânica e Segurança Alimentar, ressaltando a importância da produção desse tipo de alimentos para o mundo. Segundo o documento que foi apresentado:     

– “a agricultura orgânica não é mais um fenômeno apenas de países desenvolvidos, pois já é praticada atualmente em 120 países, representando 31 milhões de hectares e um mercado de U$ 40 bilhões de dólares em 2006… 

Quando lavouras certificadas estão relacionadas a melhorias agroecológicas e aumento de renda de agricultores pobres, isto leva ao aumento da segurança alimentar e à revitalização da agricultura familiar… 

Esses modelos sugerem que a agricultura orgânica tem o potencial para assegurar o abastecimento global de alimentos, assim como a agricultura convencional faz hoje, mas com reduzido impacto ambiental”.

Segundo pesquisa da Universidade de Campinas (Unicamp), o mercado de produtos orgânicos cresceu, na década de 90, em média 50% ao ano, chegando a uma receita de US$ 150 milhões. O consumo interno respondeu por US$ 20 milhões apenas, o restante foi exportado para países como Alemanha, França, Japão e Estados Unidos.

Brasil já é o segundo maior produtor de orgânicos do mundo e o setor tem 70% de suas vendas voltadas para o mercado externo. Com 800 mil hectares de área cultivada, envolvendo 15 mil produtores, dos quais 80% são pequenos produtores, o país fica atrás somente da Austrália. A produção certificada como orgânica é bastante extensa e diversificada. Inclui, além de frutas e verduras, laticínios, café, cachaça, açúcar, sucos, geléias, azeite de dendê, guaraná, cacau, mel, algodão, óleo de babaçu, soja, arroz, carne de gado, de frango, ovos, extratos vegetais, chás, camarão, cogumelos etc.    

 

  

Os maiores consumidores do mundo são: a Comunidade Européia, Japão, Estados Unidos.

O expressivo crescimento do setor de alimentos orgânicos (o setor que mais cresce dentro do mercado de alimentos no mundo) levou os governos dos mais diversos países a criarem suas legislações específicas para esse tipo de produto e a estabelecer programas de incentivo e pesquisa. No Brasil, temos o “Pró-Orgânicos”, programa do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, atuando através de sua Comissão Nacional e das Comissões Estaduais. Nossa Legislação para o setor é a seguinte: a Instrução Normativa n . 007, de 17 de maio de 1999; a Instrução Normativa n º. 016, de 11 de Junho de 2004; a Lei n º. 10.831, de 23 de Dezembro de 2003 e a Portaria n º. 158, de 08 de Julho de 2004.

Como saber se um alimento é orgânico

 

O consumidor não conseguiria pessoalmente visitar as propriedades agrícolas para verificar se os alimentos que se dizem orgânicos foram produzidos segundo critérios realmente ecológicos. Para fazer isso, existem instituições chamadas de “certificadoras”, ligadas às Associações de Produtores.     

As certificadoras orientam os produtores interessados para que tomem conhecimento das “normas” de produção orgânica. Seus inspetores visitam regularmente as propriedades agrícolas, verificando o cumprimento dessas normas e se constatarem que elas foram realmente cumpridas, autorizam aos produtores que utilizem na embalagem do seu produto o “selo de qualidade” da certificadora. Existe um contrato obrigando as duas partes: um lado cumpre as normas, o outro lado inspeciona e certifica.

De maneira que não basta que estejam impressas numa embalagem as palavras Produto Orgânico, Produto Natural, Ecológico ou qualquer adjetivo semelhante, para garantir ao consumidor o que se está dizendo. A única certeza do consumidor são os selos das certificadoras, cujos inspetores de fato, acompanharam todo o processo produtivo daquela banana, alface, palmito, cacau, açúcar, café, geléia etc.

É fácil de verificar e seguro. Aqui estão os principais Selos de Certificação no Brasil, para conhecer melhor!

 

 

 

Alguns desses selos garantem que os alimentos seguem as normas de outros países também, podendo ser exportados e comercializados como orgânicos no exterior.     

Se você for comprar numa feira de produtores orgânicos, não é preciso procurar pelo selo da certificadora. Todos os produtores que estão ali vendendo os alimentos estão sendo inspecionados pela associação responsável pela organização da feira.

Razões para o alto preço do alimento orgânico

 

O preço dos produtos orgânicos tende a ser maior que o dos convencionais. No Brasil, por exemplo, os produtos orgânicos são, em média, 40% mais caros que os convencionais. Já o trigo chega a custar 200% a mais e o açúcar, 170%. De acordo com o site da Food and Agriculture Organization das Nações Unidas (ONU), isto ocorre, no mundo inteiro, porque:

  • o fornecimento da comida orgânica é limitado se comparado à sua demanda;
  • os custos da produção dos alimentos orgânicas, normalmente, são maiores devido ao grande trabalho exigido e ao fato de que os fazendeiros não produzem o bastante, de um único produto, para baixar seu custo de forma abrangente; 
  • o manuseio do período pós-colheita de quantidades relativamente pequenas resulta em altos custos; 

A FAO também observa que os preços da comida orgânica incluem não só o custo da produção, mas também uma escala de outros fatores que não existem no preço da comida produzida em larga escala e com compostos químicos, como:

  • melhoria e proteção ambiental e o fato de evitar futuras despesas com o controle da poluição;
  • padrões melhores de bem-estar dos animais; 
  • prevenção de riscos contra a saúde dos fazendeiros devido ao manuseio inadequado de pesticidas, evitando futuras despesas médicas;
  • desenvolvimento rural, gerando mais empregos nas fazendas e garantindo um rendimento justo e suficiente para os produtores. 

A FAO acredita que, conforme a demanda da comida e produtos orgânicos crescer, inovações tecnológicas e economia de escala reduzirão os custos da produção, processamento, distribuição e comercialização dos produtos orgânicos.

De acordo com o engenheiro agrônomo Iniberto Hamerschmidt, coordenador estadual de agricultura orgânica da Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater – PR), “os preços ainda são distorcidos, quando o consumidor adquire produtos orgânicos, por exemplo, em supermercados, onde a diferença entre o preço recebido pelo produtor e o preço praticado varia de 100 a 300%. Em média o produtor recebe pelo produto 20 a 30% mais do que os produtos convencionais. Daí a nossa recomendação de que o consumidor adquira os produtos orgânicos nas feiras de produtores, lojas especializadas em produtos orgânicos e cestas oferecidas pelo produtor diretamente ao consumidor.” E, defendendo a justeza do preço que se cobra, afirma: “gostaríamos de ressaltar que o produto orgânico à nível de produção não é caro, na verdade muitas vezes, é o produto convencional que é ofertado muito barato”.

A discussão sobre preço leva a outra pergunta: seria possível alimentar o mundo somente com alimentos orgânicos? 

Além do preço mais alto, há uma outra crítica à comida orgânica: a de que não é possível atender à fome do mundo somente com esse tipo de produção. 

Os níveis de produtividade alcançados, que são mais baixos do que os da agricultura convencional, não dariam conta de resolver o problema da fome no mundo. Então, infelizmente não dá para prescindir dos agroquímicos. O que se costuma dizer é que é melhor morrer intoxicado do que de fome. Nem uma coisa, nem outra.

Em seu livro, “A Reconstrução Ecológica da Agricultura”, Carlos Armênio Khatounian, tenta clarear o debate, avaliando que nem a agricultura orgânica, nem a convencional têm, hoje, condições de suprir uma população humana crescente, visto que:

1. a agricultura baseada nos insumos industriais das grandes corporações está destruindo a base natural da produção – produtividades elevadas, mas fugazes, a abundância imediata do presente, às custas do futuro. 

2. A agricultura ecológica é ainda uma proposta que, apesar de seus grandes avanços, apenas engatinha. Representa um esforço de reconstrução em outras bases, preservando os recursos naturais de que a humanidade necessita para produzir alimentos. Ela representa o melhor que até o momento se alcançou na busca da sustentabilidade.

A busca de sustentabilidade continua, considera Khatounian, e a humanidade pode equacionar esses problemas conquanto difíceis sejam e colocá-los num cronograma de mudanças, desde que assim o deseje.

Fonte: HowStuffWorks
17.01.2009

Amanhã  retorno ao assunto, contando da inauguração da nova ala do Mercadão de Curitiba.. só para Orgânicos!!

 

Orlando Baumel

Chef de Cozinha, músico e sócio do site junto com a Carol. Casado, pai de 3 lindas garotas.

Este post tem 4 comentários

  1. aline

    muito show,esta pg

  2. Alda Alves

    Muito bom… Gostei muito do post…
    Mas você deve rever aquela parte que fala que o Brasil é o segundo maior produtor de orgânicos do mundo… Estamos muito muito muito longe disso!!!
    Um abraço 😉

  3. Orlando Baumel

    Muito obrigado pela participação no OBA Gastronomia.
    Sempre que publico algo, é fruto e muita pesquisa. E o Brasi,l está sim em segundo lugar do mundo na produção de produtos orgânicos. O que, para nós, deve ser um orgulho.
    Repasso abaixo um link, dentre vários que pode pesquisar.
    Obrigado novamente. Qualquer dúvida, sugestão ou crítica, é só escrever.
    Grande abraço!

    http://www.natureba.com.br/alimentos-organicos.htm

  4. jaque

    Obrigado…ajudou a fazer meu trabalho de Biologia!!

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