A França de Tereza Ratts.
Na Região da Baixa-Normandia, fronteira com a Bretanha, fica uma das mais belas maravilhas arquitetônicas do mundo.
Segundo lugar mais visitado na França, “perdendo” somente para a Torre Eiffel, esta cidade-ilhota cercada pelo mar e protegida por uma muralha, abriga uma comunidade, capelas, escola, torres e em seu ponto mais elevado, um mosteiro e uma abadia, com elegantes galerias que circundam um pequeno jardim entre o céu e o mar que são considerados obras-primas da arquitetura gótica.
A maré na baía onde se ergue o penedo está entre as mais fortes do mundo. A maré baixa permite o acesso pela areia, mas é preciso muito conhecimento sobre a costa e a corrente do local, pois em poucas horas a água corre sobre a areia tornando-a movediça e perigosa até atingir a maré alta.
O Monte, batizado de Saint-Michel em homenagem a São Miguel Arcanjo, tornou-se através do tempo e da História num local de elevada espiritualidade e beleza, importante destino de peregrinação para as pessoas de fé cristã (chamados de « miguelinos »).
Antes de qualquer construção feita pelo homem, o Monte era apenas um penedo com 80 metros de altura, com encostas abruptas, de granito – rocha muito dura que resiste durante milênios à erosão. No ano 708 deu-se o início das construções e foi necessário quase um século para concluírem apenas o conjunto românico da edificação.
No início do século 13 iniciou-se a construção dos edifícios conventuais, um conjunto de vastas salas em 3 andares, criado e executado por audaciosos arquitetos que ousaram construir um edifício tão alto e vasto sobre um rochedo escarpado.
Não à toa o nome dado à obra foi: MARAVILHA. E de fato, uma vez lá, não há outro nome para nos referirmos à Capela Hospitalar, à adega, às abobadas fortes, às salas dos Hóspedes e dos Cavaleiros, o refeitório e o claustro – este com uma vista de tirar o fôlego.
Após a Guerra dos Cem Anos (1337-1453 – que durou 116 anos!), o Monte, que serviu como refúgio impenetrável para nobres e a realeza francesa, ganhou um cinturão de muralhas e de altas torres, circundando a cidade para protegê-la de ataques. Ganhou canhões e guaritas com guardas armados. Neste período, o Monte de Saint-Michel surge também como uma das mais temíveis fortalezas da época.
Somente durante o 2° império, em 1874, quando é suprimida a penitência na França, o Monte torna-se monumento histórico, recebe minuciosa restauração e volta a ser exclusivamente um centro espiritual. Em 1966, uma comunidade beneditina faz renascer a abadia. Em 2011 uma Fraternidade Monástica de Jerusalém, criada em Paris desde 1975, se instala no Monte para acolher os peregrinos e rezar com os visitantes.
Nas 3 visitas que fiz ao Monte, tive a sorte de presenciar a celebração de uma missa na igreja abacial e lhes garanto: seja qual for a sua religião não dá para ficar indiferente diante de tão bela cerimônia, do canto dos religiosos, do ambiente e do cheiro de mirra.
Desde o século 19, grandes pintores e escritores franceses passaram a visitar o monte, buscando inspiração no charme e qualidades pitorescas únicos do lugar que já contava com hotéis e restaurantes, que continuam por gerações até hoje, fazendo parte e recontando a história do Monte através das sensações e sabores, preservando um patrimônio riquíssimo da cultura francesa em vários aspectos: religioso, político, filosófico, gastronômico, literário, entre outros. Há inúmeras obras artísticas francesas que têm o Mont de Saint-Michel como tema, fonte de inspiração, cenário, etc.
Apesar do grande valor e importância histórica do lugar, comer, pernoitar ou simplesmente visitar o monte não é necessariamente um programa caro.
Você pode optar desde um charmoso piquenique trazido de casa e degustado gratuitamente na grama forrada de um de seus jardins (recomendado apenas no verão por causa do vento muito frio) ou ir até uma de suas muitas creperias/galeterias (especialidade da região) e pode também provar a especialidade local: o omelete da renomada cozinha da Mère Poulard, acompanhada de uma deliciosa Cidre Normande e/ou degustar o verdadeiro e único Calvados, uma espécie de aguardente feita a partir da destilação da sidra feita de maçãs e uma pequena quantidade de pêras e envelhecido no em tonéis de carvalho. O Calvados é também ingrediente de várias receitas normandas e combina perfeitamente com os queijos da região da Normadia, como o conhecidíssimo camembert.
Você pode escolher de acordo com o seu orçamento qual o tipo de visita que fará ao Monte, neste site :
A melhor época para visitar o lugar é durante a primavera e o verão europeu. Por ser de pedra, o frio no lugar é bastante intenso.
Uma visita ideal deve ser feita num dia inteiro. Para ter acesso à abadia (cume) paga-se uma taxa de €5. Há também a opção de alugar um guia eletrônico.
Existem ótimos hotéis dentro do Monte/Muralha, mas caso você opte por algo mais barato ou ao seu estilo, a poucos quilômetros de lá você encontrara chalés (para famílias inteiras), albergues, campings e tantas outras opções à sua escolha. Esta opção também permete um espetaculo à parte: admirar o Monte à noite, com sua iluminação magica, capaz de nos fazer sonhar e de nos transportar à época medieval.
Conheça o Mont Saint-Michel e descubra incontáveis histórias não só daqueles que ao longo dos séculos construíram este monumento ímpar, uma obra gigantesca entre o céu, a terra e o mar. Deixe-se guiar pela emoção de tocar e andar de maravilha em maravilha da cidade-mosteiro, testemunho de um milênio de esforços para agradarem aos Arcanjos, a Deus, aos monges, aos peregrinos e a nós, afortunados visitantes.
Allez !!
E como um bônus, compartilho com vocês dois albuns pessoais, com as belezas do Monte e ao seu redor:
http://is.gd/yABngo
http://is.gd/KFXYtp