[box type=question] Hoje, para comemorar o aniversário do nosso Chef Orlando, vamos publicar esse texto delicioso da nossa Colunista Fal Azevedo. [/box]
[dropcap]A[/dropcap]quela fome de alguma coisa que você não sabe o que é. O nome do tempero que, ai, sumiu, da cabeça e da gôndola. O ponto certo do alho caramelado, o azedo certo do molho da salada.
A história por trás do azeite de nome esquisito. O marca da frigideira afrescalhada, mas tão boa. O pudim, a carne seca, aquela pitada de alguma coisa cujo nome nos escapa.
A perda da vontade. De sair, de trepar, de comer. De cozinhar. Porque a vida, né. A vida. E você segue, porque, de novo, a vida. Sem tempero, sem nada flambado, sem ervilha fresca.
Mas um dia, um desses dias, porque, de novo e de novo, a vida, você acaba aí num site. Que a sua amiga Lu adora, que não-sei-quem lê, que o marido da amiga recomenda. E você vai, apesar de nunca mais ter cozinhado, apesar de não querer mais fazer nada, porque o nome é tão lindo. OBA! A única coisa aceitável pra se dizer diante duma comida bem feita, claro.
[dropcap]OBA![/dropcap]
E você lê, lê, lê, revira os arquivos, copia receitas à mão, mostra pra mãe “olha mãe, olha como ‘eles’ douram a carne”. E a redescoberta do prazer, da graça, da sofisticação profunda e definitiva que só a simplicidade franciscana alcança. A lembrança, primeiro vaga, depois avassaladora, do quanto a vida pode ser boa, do quanto a vida pode ser suculenta, do quanto a vida pode ser. E daí você descobre que não são ‘eles’, um bando anônimo. Que são o chef Orlando Baumel e a equipe dele. E que, sua burra, OBA! não é uma interjeição de surpresa e amor pela comida, é a abreviação do nome do caboclo. Orlando Baumel.
Orlando. Seu amigo, seu mentor, grande músico, grande cozinheiro, dono da cozinha sem frescura, sem soberba, sem babaquice, sem raiva da comida. Só amor, balsâmico, cebola picadinha, gentilezas e graça.
Orlando. Meu amigo, meu mentor (ele é da minha idade, mas é meu mentor), meu querido, de muitas formas . Meu querido de aniversário, virando panquecas, ensopando coelhos, me ensinando a ser melhor, ‘um pouquinho só, Fá, todos os dias’, me animando quando, porra, tá foda, me dando trabalho, nome, uma identidade, uma turma.
Amor que não cabe no peito, amor, amor, carinho, identificação, boas vibrações, musiquinhas nas madrugadas sombrias e nas alegres, bolinhos dourados, alecrim, um beijo.
oba